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Berean

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In Topic: Pregando a Verdade

23 January 2012 - 12:36 PM

CAPÍTULO OITO
O Grande Debate


Nunca na história da aldeia, pelo menos nenhum aldeão se recordava, da reunião de um grupo tão grande de gente como o que tentava apinhar-se na pequena escola na quarta-feira à noite – a primeira noite do debate.

A escola era inadequada para acomodá-los: muitos que não conseguiram um lugar de pé foram forçados a sair desapontados.

Quando chegou a hora de começar o debate, Timóteo Bereia levantou-se e fez algumas observações, afirmando a causa e objetivo do debate, a forma e regras da discussão, com uma palavra de conselho para os intervenientes e para que a audiência se estivesse calma e mantivesse a ordem.

Ele disse, “O Sr. Hamilton irá falar pela parte afirmativa por vinte minutos, depois da qual o Sr. Estéfanas falará vinte minutos pela negativa; depois disso o Sr. Hamilton pode ocupar quinze minutos a interrogar o Sr. Estéfanas ou a discursar, depois do qual o Sr. Estéfanas pode ocupar quinze minutos interrogando o Sr. Hamilton ou em discurso.”

No final de cada encontro se decidiria se o assunto continuaria a ser tratado em outras reuniões ou não.

Então o tema foi anunciado:

“Afirma-se que os justos são recompensados ao serem levados para o céu quando morrem; Afirma o Sr. Hamilton; Nega o Sr. Estéfanas.”
O presidente convidou o Sr. Hamilton a abrir o debate com um discurso de vinte minutos pela afirmativa.
O discurso do Sr. Hamilton: “Amados paroquianos, é com sentimento de tristeza e humilhação que agora nestas circunstâncias estou perante vós. Tristeza, porque uma discussão deste tipo seja necessária, ou pelo menos considerada necessária por aqueles que me pediram que participasse nela. Humilhação, por causa da dignidade do alto e santo ofício para o qual fui chamado para o ministério, deva sofrer pelo seu ocupante tomar parte num debate público com um leigo que, por muito bem-intencionado que seja, não deixa de ser iletrado naqueles santos estudos que são necessário para um entendimento próprio e interpretação correta da Palavra Divina.
“Poderão pensar que esta afirmação é cruel e irrelevante, mas posso assegura-lhes que não é falta de bondade, e a afirmação é bem relevante porque forma uma parte importante do meu argumento desta noite. O ponto é o seguinte, ao ser iletrado nos estudos teológicos o meu oponente não está qualificado para dar uma interpretação que resista às investidas do criticismo adverso e que dê a segurança de estar em harmonia com todo o sistema teológico das Escrituras. Verão o quão forte é este argumento enquanto procedo a mostrar-lhes a grande quantidade de estudo e trabalho que foram necessários para obter o conhecimento que possuímos agora.
“Veem a pilha de livros além naquela mesa? Não se alarmem. Não vou lê-los para vós esta noite. Trouxe-os para dar-lhes uma ideia da grande quantidade de trabalho e estudo pelos quais um clérigo deve passar antes que esteja qualificado para o ministério e estar apto para fazer uma exposição das Escrituras e pregar o evangelho. Nessa pilha as seguintes ciências encontram-se nos seus respetivos volumes: “‘Criticismo Bíblico’, para descobrir o texto exato de certas obras que afirmam ser inspiradas, e se possível o seu tempo, lugar e autoria humana; ‘Apologética’, para estabelecer e defender a afirmação de que as Escrituras são inspiradas; ‘Hermenêutica’, para investigar os princípios da interpretação; ‘Exegese’, colocar em prática esses princípios por interpretação. E poderia continuar e mencionar outros volumes sobre ‘Teologia Dogmática’, ‘Teologia Polémica’, ‘Teologia Prática’, e ‘Teologia Pastoral’, etc., e ainda assim com tudo isto não estamos bem equipados para a grande obra de defender e expor as Escrituras. Como então, pode um simples ferreiro que não teve acesso a estes estudos, inspirar confiança para pregar a verdade de Deus? Eu digo que é um absurdo impensável.
“Mas avancemos para as próprias Escrituras e mostrar como ensinam claramente o que a nossa proposição afirma. Não repetirei os argumentos que apresentei no meu sermão da semana passada sobre este assunto; não é necessário fazê-lo porque há muita evidência por onde escolher, por exemplo o Mestre, naquele grandioso e eloquente sermão do monte disse “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mateus 5:8). Agora pergunto, como podem ver Deus a não ser que sejam levados até Ele? Eles não podem vê-Lo com olhos mortais e nos seus tabernáculos carnais. Quando podem vê-Lo? Certamente não nesta vida: tem que ser na morte quando recebem o seu galardão no céu. Oh! Mas o meu oponente diz que não vão para o céu! Bem, fico contente de não termos que depender da sua palavra! O Mestre não nos deixou ficar em dúvida; ele não somente nos diz que os puros de coração verão Deus, mas indica como e quando, tanto neste discurso como noutros registados no Novo Testamento.
“No mesmo capítulo no versículo doze ele diz: “Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.”
Quando verão Deus os de coração limpo? A resposta óbvia é, quando receberem o seu grande galardão nos céus.
“Quando vão para os céus? Resposta – Ao morrer.
“Como sabemos isso? Cristo disse-o. Venham comigo até ao capítulo 16 de Lucas, versículo 20. Aqui o Mestre relata o incidente do homem rico e Lázaro, o pobre mendigo. Leiamos a partir do versículo 20, “Havia também certo mendigo, chamado Lázaro, coberto de chagas, que jazia à porta daquele; e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico; e até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado.” No diálogo que se segue entre Abraão e o homem rico que se encontra depois da morte em tormento, as palavras seguintes são dirigidas ao homem rico no versículo 25, “Disse, porém, Abraão: filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos.” Poderia algo ser mais conclusivo do que isto? Um homem justo morre e é levado pelos anjos para o seio de Abraão e é consolado.
“Vejo que o meu tempo está quase no final e quero colocar algumas questões ao meu oponente antes de terminar. Gostaria que me dissesse porque Paulo disse “O viver é Cristo, e o morrer é lucro.” E que tinha um “desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor,” se ele não esperava estar com Cristo quando partisse? (Filipenses 1:21-23). Porque os fiéis aguardam a cidade que tem fundamentos, da qual deus é o arquiteto e edificador se não esperam ir para o céu? (Hebreus 11:10). E se for argumentado que esta cidade é uma cidade na terra, então porque o apóstolo ao falar dela no mesmo capítulo, no versículo 16 diz, “aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. por isso, deus …lhes preparou uma cidade.”” Acabou o tempo.
Quando o clérigo tomou o seu lugar ouve uma explosão de aplausos do público, que foi interrompido pelo presidente que pediu à audiência que desista de demonstrações ruidosas. “Estejamos calmos,” disse ele, “e pesemos bem os argumentos que são apresentados e deixemos que o nosso julgamento do debate se baseie não em sentimentos partidários mas na razão, senso comum e acima de tudo no testemunho da Palavra de Deus.” Logo chamou o Sr. Estéfanas para que discursar por 20 minutos sobre a parte negativa do assunto. Paulo Estéfanas com isso levantou-se e dirigiu-se aos presentes.

“Senhor Presidente, Senhoras e Senhores:”
“Foi-me pedido pela primeira vez na minha vida para entrar num debate público; e enquanto que para todas as aparências estão em grande desvantagem, tanto em estudos como aptidão natural, no entanto não partilho dos sentimentos do meu oponente mencionados no início do seu discurso, “É com sentimento de tristeza e humilhação que agora nestas circunstâncias estou perante vós.” Confesso que não sinto nem tristeza nem humilhação, mas pelo contrário acredito e sinto-me mais ou menos como o apóstolo Paulo se sentiu quando foi chamado a responder perante Agripa e disse “tenho-me por feliz, ó rei Agripa, pelo privilégio de, hoje, na tua presença, poder produzir a minha defesa.” Considero uma honra e um privilégio ter a oportunidade de defender e apresentar a Verdade de Deus a uma audiência como a que está reunida aqui esta noite.

“Agora tomarei os argumentos do meu oponente e lhes darei resposta conforme o tempo me permita. O primeiro argumento que apresentou e que ocupou grande parte do seu discurso é este: “O Sr. Estéfanas é um leigo, é iletrado e ignorante de todos aqueles santos estudos teológicos todo o clérigo é requerido entender antes de ter licença para pregar.” Ao dirigir a vossa atenção para pilha de livros, cujo conteúdo ele com sucesso acumulou nos recessos da sua mente expansiva, e se esforçava com todas as suas forças impressioná-los com o seu maravilhoso conhecimento, não pude deixar de pensar naquela história Bíblica sobre o grande gigante chamado Golias, que aterrorizava Israel pela grandeza da sua estatura. Este gigante, como certamente lembrarão exibia-se diariamente entre os campos dos Israelitas e Filisteus, e parecia que Israel estava intimidado pela sua poderosa presença. Mas um dia apareceu um jovem pastor e sem lança ou escudo ou armadura, matou o gigante com a pedra de uma funda e em cima do corpo morto com a sua própria espada decepou-lhe a cabeça. Agora, já que o Sr. Hamilton agradou-se de se colocar a si mesmo perante vós como o gigante neste debate, a una posição que me resta é a do jovem pastor e tenho algumas pedras que apanhei no rio da água da vida (a Palavra de Deus), que intenciono atirar contra este gigante intelectual e derrubá-lo. Agora bem, estou bastante preparado para dar-me como culpado da acusação de ser somente um pobre ferreiro iletrado, sem estudos teológicos, mas também, os discípulos de Cristo eram somente pescadores iletrados, e o próprio Mestre era carpinteiro, e o apóstolo Paulo fazedor de tendas. Não, queridos amigos, Deus não nos deixou à mercê de teólogos eruditos, mas, pelo contrário, convidou-nos a ir livremente cada qual por si mesmo beber da água da vida (Palavra de Deus). Se fosse necessário enchermos as nossas mentes com as ciências naquela pilha de livros, antes de entendermos a verdade de Deus, então não haveria esperança para qualquer um de nós que estamos aqui, pois as circunstâncias da vida onde fomos colocados nunca permitirão levar a cabo semelhante feito. Por minha parte nem me preocupo em tentar, pois considero o meu espaço mental limitado demasiado valioso para se encher de nada mais do que a Palavra incorruptível de Deus, que Paulo diz que “podem tornar-te sábio para a salvação” (2 Timóteo 3:15); e “que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados” (Atos 20:32).
“O meu oponente cita Mateus 5:8, ““Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” e pergunta, “Como podem ver Deus a não ser que sejam levados até Ele?” Bem, devo dizer que isto é uma pergunta notável para um homem com tantos estudos como parece ser o caso. Pergunte isso a qualquer estudante e ele dir-lhe-á que se os de coração puro verão a Deus então eles ou irão até Deus ou Deus virá até eles. Mas o meu oponente só consegue ver um caminho e é o caminho que se harmoniza melhor com a sua teologia. Mas devemos responder à pergunta. Quando e onde os de coração puro verão Deus em cumprimento desta promessa de Cristo? Bem, podemos ter certeza de uma coisa, é que os de coração puro não irão ver Deus ao serem levados para o céu quando morrerem pois não existe uma passagem das Escrituras entre as capas da Bíblia que ensine ou sugira que os homens vão para o céu quando morrem. Pelo contrário, há evidência abundante de que não acontece tal coisa. De fato é nos dito claramente que “ninguém subiu ao céu, (João 3:13). Não há necessidade de ficarmos perplexos com uma simples questão como esta pois já teve resposta faz milhares de anos, muitos antes dos seminários teológicos serem inventados. O patriarca Jó dá-nos uma resposta direta à questão; no capítulo 19 do seu livro nos versículos 25 a 27, afirma, “Porque eu sei que o meu redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros”. Qualquer que seja o sentido, então, que iremos ser permitidos ver Deus será no fim sobre a terra. O apóstolo João disse em certa ocasião, falando de Cristo, “Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” (1 João 3:2). Bem, ver Cristo é equivalente a ver a semelhança ou manifestação de Deus; Porque Cristo disse em certa ocasião, “Quem me vê a mim vê o pai” (João 14:9). Isto será ainda mais relevante naquele dia quando ele voltar à terra em grande poder e glória, “para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram” (1 Tessalonicenses 1:10). Mas o Sr. Hamilton diz que os justo vão mesmo para o céu por altura da morte porque Cristo no seu serão do monte disse, acerca daqueles que eram perseguidos por causa da justiça: “Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós”. Mas o problema com o meu oponente é que ele lê nesta passagem algo que não contém. Não diz uma palavra sobre ir para o céu. Verdade, fala que o galardão está no céu. Isso porque Deus está lá e Ele tem a recompensa com Ele. Pedro diz-nos que está reservado no céu para nós (1 Pedro 1:4), ou seja, está guardado para nós, e depois diz-nos que nos será trazido na revelação de Jesus Cristo, isto é, quando Cristo vier outra vez ( veja 1 Pedro 1:13). O próprio Mestre arruma o assunto quando ele diz na mensagem que enviou a João na Ilha de Patmos, “E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras” (Apocalipse 22:12). Fica bem claro então que o galardão está no céu agora, mas quando Cristo voltar de novo como prometeu fazê-lo, ele trará com ele a recompensa e a dará aos seus fiéis amigos que guardaram os seus mandamentos. A seguir, o meu oponente se refere à parábola do homem rico e Lázaro. Eu sabia que ele citaria isto: é um argumento antigo e tradicional daqueles que defendem a teoria de ir para o céu. Ele não disse se acredita ser uma parábola ou um registo literal de um incidente que realmente aconteceu. Não faz qualquer diferença qualquer que seja o seu ponto de vista; está cheio de dificuldades que lhe causarão mais dano à sua teoria do que qualquer argumento que um oponente possa lhe apresentar contra. Em primeiro lugar, se ele não considera ser uma parábola, mas uma história verdadeira, então transtorna toda a sua teoria.
“O que é que acontece quando se morre segundo o ensino do Sr. Hamilton? O corpo dos defuntos vai para o céu ou inferno, como seja o caso? Ah, não! Sabemos que o corpo é levado para o cemitério e baixado ao solo e coberto com terra. Não! O Sr. Hamilton não acredita que o corpo vá para o céu ou para o inferno, mas a sua ideia é que, existe uma alma imaterial no homem sobre a qual Isaac Watts diz:

“Até às cortes onde moram os anjos,
Sobe triunfante até lá.
Ou Diabos a precipitam no inferno
Em infinito desespero.”

“Supõe-se que esta alma é imaterial, ou seja, que não tem substância, não pode se ver ou sentir. É esta alma que o meu oponente crê que vai para o céu ou inferno por altura da morte. O relato do homem rico e Lázaro não vai ajudá-lo a provar isto porque não fala em almas invisíveis, mas sim em homens de substância real, com olhos, voz, dedos, língua; homens visíveis que podem ver-se e falar uns com os outros. Se ele considera isto um incidente verdadeiro e não meramente uma parábola, então ela destrói, em vez de apoiar a sua teoria. Por outro lado se ele considera ser uma parábola, o que indubitavelmente o é, então é somente um conto dito para sublinhar um ponto moral ou ilustrar um ponto e não tem que ser necessariamente verdadeira ou até possível.

“No capítulo 9 de Juízes é nos contada uma história de árvores que foram eleger um rei sobre si, e primeiro pediram a uma árvore e depois a outra que fossem o seu rei, e finalmente o espinheiro aceita ser o seu rei. Agora bem, vocês não supõem que esta parábola ensina que as árvores podem falar e participar em discussões políticas, não é?

“Nem tampouco a parábola do homem rico e Lázaro ensina que homens que morreram podem falar ou que os justos podem usufruir da glória enquanto contemplo os iníquos em sofrimento. Não, a parábola das árvores tinha como objetivo ensinar que Israel naquele tempo tinha escolhido o mais baixo da nobreza para ser rei sobre eles, alguém que em comparação com os outros em Israel seria como o espinheiro comparado com outras árvores do campo. E a parábola do homem rico e Lázaro tinha a intenção de ensinar aos Fariseus e aqueles que tinham ouvidos para ouvir, o que afirmou claramente no versículo 15 deste capítulo (Lucas 16). Logo antes de contar esta história como ilustração, proferiu as seguintes palavras, e isto é o que a parábola ensina: “Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas deus conhece o vosso coração; pois aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de deus.” A parábola ilustra isto muito bem mostrando um homem rico muito estimado mas mau em tormentos, e um homem pobre, justo mas desprezado, sendo confortado. A parábola não indica o tempo, ou lugar, mas Cristo diz-nos o tempo, lugar e circunstâncias no capítulo 13 de Lucas, onde ele diz no versículo 28, “Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes, no reino de deus, Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas, mas vós, lançados fora”. Vejo que o meu tempo terminou, por isso terei que responder às outras perguntas mais tarde”.

“Qualquer que tenha sido a impressão causada sobre a audiência pelo discurso do ferreiro, qualquer um que tenha observado a expressão na cara de Timóteo Bereia não poderia deixar de ver que ele pelo menos estava agradado. Ele levantou-se e anunciou um intervalo de cinco minutos, para permitir à audiência relaxar um pouco antes de começar a segunda parte do debate. Quando este tempo terminou ele disse à audiência para se por em ordem e anunciou que o Sr. Hamilton agora levaria quinze minutos a colocar questões ao Sr. Estéfanas, ou a discursar, ou a dividir o tempo entre discursar e interrogar.

(Continua)

In Topic: Pregando a Verdade

23 January 2012 - 12:35 PM

CAPÍTULO SETE

Uma Proposta de Debate

Na manhã seguinte, Doris apareceu à mesa para o pequeno-almoço apresentando-se um pouco pálida. A sua mãe e irmão, notando a sua palidez, perguntaram ansiosos como se sentia. Doris assegurou-lhes que não havia motivo para alarme e que se sentia bastante bem.

“Chegaste tarde a casa ontem, não foi Doris?” perguntou o pai.

“Sim, pai. O Sr. Estéfanas, o ferreiro pregador, visitou os Bereia e tivemos uma conversa na qual ficámos tão absorvidos que nem notámos o tempo a passar,” respondeu Doris.

“Ah sim, lembro-me agora, que a Sra. Bereia disse-me que esperava a visita deste homem, Estéfanas. Examinei os pontos em disputa com ela e indiquei alguns dos pontos fracos dos argumentos dele. Não tenho dúvidas que ele encontrou-a bem preparada para responder aos seus sofismas,” disse o Sr. Hamilton.

“Bem, o fato é que,” respondeu Doris, “nem a Sra. Bereia nem nenhum de nós podemos responder aos seus argumentos; na verdade, eles pareciam incontestáveis; eram compostos quase na maioria por simples declarações Bíblicas e negá-las significaria rejeitar a Bíblia, pelo menos foi o que nos pareceu. De todos os modos, fomos como crianças nas suas mãos, só podemos ouvir enquanto ele nos citava e explicava as Escrituras.”

“Como pode ter sido isso, Doris! Tu surpreendes-me. Pensei que tu pelo menos pudesses dar uma boa e suficiente razão para a fé que tens em ti,” disse o Sr. Hamilton.

“Também pensei isso,” disse Doris, “mas este ferreiro iliterado parecia remover todo o fundamento que nos apoiava. Ele dominou-nos por completo com o testemunho das Escrituras, e parecia que ensinava-nos com clareza o oposto do que sempre acreditámos. A própria Sra. Bereia e eu estavamos muito perturbadas com isso.”

“Onde estava Timóteo durante a discussão?” inquiriu Arthur Hamilton, o irmão de Doris.

“O Timóteo estava ouvindo assim como nós,” respondeu Doris.

“Ouvindo, é?! Não tentou responder aos sofismas deste homem?” perguntou o Sr. Hamilton.

“Não, pai, ele não fez qualquer tentativa em responder, de fato, ele parecia profundamente impressionado e agradado com as coisas que ouvia,” disse Doris.

“Que disparate! Doris,” disse o Sr. Hamilton, “como pode um homem com a inteligência e posição de Timóteo, ficar impressionado com os dogmatismos de um ferreiro iliterado?”

“Não eram as suas próprias asseverações, pai,” disse Doris, “mas o testemunho das Escrituras, que ele apresentou para apoiar as suas asseverações, foi que pareceu impressionar Timóteo. Tu sabes que a família Bereia é conhecida pelo seu amor às Escrituras, e têm investigado as Escrituras para ver se estas coisas são mesmo assim, e o resultado tem sido uma impressão profunda de que são verdadeiras. O Timóteo disse-me ontem à noite que não se surpreenderia se tivesse que alterar as suas ideias sobre a salvação e como será obtida. Foi um choque para mim ouvir o Timóteo falar dessa maneira e quando fui para o quarto não consegui dormir a não ser já muito tarde. Decide pedir-te, pai, que venhas em nosso auxílio e que mostres a falácia dos argumentos deste homem, pois, sinto que ele deve estar errado e que os seus argumentos podem ser contestados e tu és o único a quem podemos pedir ajuda, na esperança de vencer esta maré de heresia.”
A palidez desaparecera do rosto de Doris, no seu lugar estava o rubor do excitamento sobre as suas faces. Ela falou com seriedade, quase suplicando ao seu pai e teve muito sucesso em comunicar o fervor do seu interesse no assunto tanto a ele como aos outros que estavam à mesa.

“Alegrar-me-á e considerarei o meu dever fazer tudo o que posso sobre o assunto. O que sugeririas? Devo dar um curso especial de sermões, ou pensas que seria melhor falar com Timóteo em privado?” perguntou o Sr. Hamilton.

“Sugeriria, pai que preparasses um debate com o Sr. Estéfanas e que convidasses os habitantes da aldeia para que estivessem presentes,” disse Doris.

“O quê! Debater com um mero leigo, um ferreiro sem estudos? Certamente, Doris, não desejarias que eu tivesse que baixar da dignidade do meu alto ofício para tal coisa,” exclamou o pastor.

“Eu não desejaria isso, pai, se eu visse mais alguma saída para salvar o Timóteo e outros da contaminação destas doutrinas heréticas. Sabes, eles encontram-se diariamente com o ferreiro no estabelecimento, onde ele avança os seus argumentos sem que alguém lhe dê resposta, e como a maioria deles não conhecem as Escrituras o resultado é que ficam impressionados , e vão reter essa impressão a não ser que alguma coisa contradiga isso. Agora, a minha teoria é a seguinte, se tu o enfrentares num debate público e responderes aos seus argumentos perante os habitantes da aldeia, as pessoas se fortalecerão contra os raciocínios dele, e a sua influência cessará.”

“Não achas, pai, que poderias fazer isto pelo amor à nossa antiga fé e salvar algumas das pessoas da destruição espiritual?” suplicou Doris.

O velho pastor sentiu a força da lógica da sua filha e depois de permanecer em silêncio por um momento ou dois disse, “Bem, Doris, é um grande sacrifício para dignidade só de pensar em tal coisa, mas eu quero fazer tudo o que posso pelos meus semelhantes. Vou estudar o assunto e logo te digo alguma coisa depois.” Com isto levantou-se e foi para o seu estúdio.

Na noite seguinte ao dia em que Doris Hamilton e o seu pai tiveram a conversa durante o pequeno-almoço, Paulo Estéfanas, depois de um árduo dia de trabalho na oficina, estava atarefadamente dedicado em preparar as notas para a sua dissertação na Escola no sábado à noite.

A Sra. Estéfanas ao ouvir baterem à porta saiu da cozinha; e ao abrir a porta surpreendeu-se em ver Timóteo Bereia, que perguntou se o Sr. Estéfanas estava em casa. A Sra. Estéfanas assegurou que o marido estava em casa e que ficaria contente em vê-lo. Timóteo foi levado para a sala de estar onde o ferreiro estava sentado com a Bíblia aberta à sua frente e depois das costumeiras saudações, Timóteo começou logo por declarar o objetivo da sua visita.

“Ficará surpreendido,” disse ele, “quando lhe dizer porque venho aqui; pode não estar ciente do fato mas a sua pregação e as conversas na oficina com aqueles que vêm à sua aloja tornaram-se uma fonte de alarme para alguns dos membros principais da nossa igreja. Parecem temer que as suas doutrinas façam com que os membros mais fracos deixem a igreja e acreditem nas coisas que você lhes ensina.”

“Espero sinceramente,” disse Paulo, “que só os membros fracos, mas alguns daqueles que são considerados “pilares” abram os seus olhos para a Verdade eterna de Deus e que tenham a coragem de encarar qualquer oposição que possa surgir como resultado da aceitação dessa Verdade.”

“Do seu ponto de vista isso está muito bem,” disse Timóteo, “mas mesmo assim do ponto de vista deles, você dificilmente pode culpá-los por estarem algo alarmados quando veem indicações de que está em ação uma influência destruidora.”

“Sim, mas todos os meus esforços têm sido francos e a descoberto. Falei abertamente e estou aberto à discussão, e tenho estado sempre preparado para responder a questões até onde possa fazê-lo,” disse Paulo.

“Eu concordo completamente consigo Sr. Estéfanas,” disse Timóteo, “você atuou frontalmente, e pessoalmente posso testemunhar que senti a força de alguns dos seus golpes; mas o que desejo dizer é isto: A equanimidade religiosa desta comunidade foi perturbada pela sua pregação do que você chama “A Verdade,” e foi desenvolvido um plano pelo qual os seus ensinamentos podem ser testado para ver se realmente são “A Verdade” e eu vim esta noite para ver se você está de acordo com o plano. Indo diretamente ao assunto, Sr. Estéfanas, é o meu dever pedir-lhe que entre num debate com o Sr. Hamilton, o pastor da nossa aldeia, sobre os pontos doutrinais que você apresentou. O que diz?”
Paulo Estéfanas ficou tão surpreendido que por um momento não teve palavras para responder; recuperado da surpresa, entretanto, disse: “Bem, não sei, Sr. Bereia, você bem vê só sou um pobre ferreiro com pouca educação, enquanto que o Sr. Hamilton é um homem erudito e assim sendo vai ter grande vantagem sobre mim; não seria melhor se eu enviasse um dos nossos irmãos que tem mais estudos para enfrentar o Sr. Hamilton em pé de igualdade?”

“Não penso que isso seja aceitável,” disse Timóteo. “é você que está implicado nesta controvérsia e penso que recai sobre si defender a posição que você tomou e mostrar que é Bíblica.”

“Bem, não intenciono fugir à minha obrigação,” disse Paulo, “mas creio estar a dar melhor chances à verdade ao colocar à sua frente o seu melhor representante; no entanto, se recai sobre sim defendê-la, com a ajuda de Deus farei o meu melhor, e posso assegurar-lhe que estou preparado com o meu jeito humilde para responder a todo o homem que me pergunta a razão da esperança que há em mim, com mansidão e temor.”

“A experiência do passado,” disse Timóteo, “leva-me a acreditar que você dará uma boa conta da sua mordomia. Foi sugerido que o debate tenha lugar na escola na próxima semana, começando na terça-feira e continuado por quantas noites quantas forem necessárias. No entanto, se desejar mais tempo para se preparar, podemos escolher uma data posterior.”

“Não faz qualquer diferença para mim,” disse Paulo, “Estou pronto a qualquer momento. Qual será o assunto da discussão?”

“Foi sugerido,” disse Timóteo, “que na primeira noite se trate do assunto da recompensa dos justos; a proposta diz o seguinte:

“Os justos são recompensados ao serem levados para o céu quando morrem; Afirma o Sr. Hamilton; Nega o Sr. Estéfanas.”

“Para mi está ótimo,” disse Paulo.

“Agora devo apressar-me e ir dizer ao Sr. Hamilton que você aceitou o plano,” disse Timóteo, levantando-se para sair. “Tem alguma sugestão para quem seja o presidente do debate nessa noite?” continuou ele, enquanto se dirigiam ambos para a porta.

“Não consigo pensar em ninguém mais a não ser você, Sr. Bereia. Você sabe que não tenho amigos aqui,” disse Paulo.

“Bem, pensarei sobre isso,” disse Timóteo. “Boa noite e não se esqueça do debate na terça-feira à noite! Toda a aldeia estará lá.”

Timóteo foi diretamente para a residência do Sr. Hamilton e informou do seu sucesso em conseguir que o Sr. Estéfanas concordasse em participar no debate. Tinha sido Doris que lhe tinha pedido que fosse visitar o ferreiro e que acertasse as coisas com ele, depois do seu pai relutantemente consentir em participar no debate público.

Nessa noite preparou-se tudo para que Timóteo presidisse todo o debate.

O Sr. Hamilton estava longe de estar entusiasmado com isso; agia como um homem que estava prestes a passar por uma experiência desagradável, que não havia maneira de evitar. Mas mesmo assim estava determinado em fazer o seu dever.

O debate foi anunciado na escola no sábado à noite, no final da palestra de Paulo Estéfanas, a qual teve boa assistência.

Também foi anunciado no domingo de manhã na igreja da aldeia, depois disso tornou-se o grande assunto de conversa por todo o povoado.

In Topic: Pregando a Verdade

23 January 2012 - 12:34 PM

CAPÍTULO SEIS

Pesquisando as Escrituras


Embora a família Bereia fosse devotada à Bíblia e a lessem com frequência, o seu interesse nunca tinha sido tão profundo ou ininterrupto como o foi durante o tempo que interveio entre a manhã de domingo e a quarta-feira à noite quando Paulo iria visitá-los. Nas noites de segunda e terça-feira a Sra. Bereia, Timóteo e Dorcas debruçaram-se sobre suas Bíblia até muito tarde, e como resultado na quarta-feira à noite estavam completamente confidentes e preparado para defender a sua fé se fosse necessário.

Quando Paulo Estéfanas chegou à hora marcada encontrou-os sentados à mesa com as Bíblias abertas. Para além da família Bereia estava presente uma jovem à qual, nos seus gestos e maneira de se lhe dirigir, Timóteo mostrava grande afeto. Não podia deixar-se de notar pela atitude e jeito destes dois que havia entre eles algo mais do que uma simples amizade. A jovem foi apresentada como Senhorita Hamilton, a filha do pastor da igreja da aldeia. Depois da usual troca de cumprimentos e quanto estavam todos sentados à mesa, a Sra. Bereia abriu a conversação.

“Fiquei um pouco confusa” disse ela, dirigindo-se ao Sr. Estéfanas, “quando me chamou a atenção para o fato que tínhamos o hábito de citar mal a passagem em João 14: 2, 3; mas depois de uma consideração judiciosa já não me sinto tão mal por isso, porque dei-me conta que a ideia principal da passagem não é, a meu ver, afetada pela omissão das palavras “E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo.” A ideia principal na passagem encontra-se nas palavras, “Na casa de meu pai há muitas moradas. Pois vou preparar-vos lugar.” O Mestre estava quase a deixar os seus discípulos e para confortá-los diz-lhes que ele irá preparar-lhes um lugar na casa do Seu Pai; e quando diz “voltarei e vos receberei para mim mesmo,” ele deve querer dizer, que virá por altura da morte de cada um e os tomará para si; porque iria ele para o céu para a casa de Seu Pai preparar um lugar para eles se eles nunca iriam ocupar esse lugar depois de preparado? Não vejo como poderá escapar a esta conclusão.”

“Não duvido, Sra. Bereia, que isto pareça bastante conclusivo para si: houve um tempo na minha vida em que acreditei tão firmemente nisso como você o faz agora, mas desde que conheci a verdade sobre o assunto, muitas vezes me pergunto como pude crer em tal coisa. Já alguma vez notou nas palavras de Cristo no versículo 33 do capítulo anterior: “Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco; buscar-me-eis, e o que eu disse aos judeus também agora vos digo a vós outros: para onde eu vou, vós não podeis ir.”?”

“Sim, já tinha notado nessa declaração do Mestre,” respondeu a Sra. Bereia, “Mas também notei a declaração no capítulo 14, versículo 4, “E vós sabeis o caminho para onde eu vou.” Já tinha reparado nestas palavras Sr. Stéfanas?”

“Sim”, respondeu o Sr. Estéfanas.

“Nesse caso, então, como pode explicar isso em harmonia com a crença de que não vamos para o céu?” perguntou a Sra. Bereia.

“A passagem não diz nada sobre céu.”

“Mas era para onde ele ia,” insistiu a Sra. Bereia.

“É verdade, mas ele não está a falar desse fato em particular no seu discurso. Ele não está a falar do lugar para onde ia, mas do Grande Personagem para o qual ia. No versículo 12 ele diz, “Eu vou para junto do pai.” É a isto que se refere quando diz, “E vós sabeis o caminho para onde eu vou.” É o mesmo se ele tivesse dito, “Vocês sabem que vou para o Pai, e vocês conhecem o caminho pelo qual podem chegar a Ele, também, mas não me podem seguir literalmente à Sua presença: mas existe uma maneira pela qual podem ir a Ele para comunicarem.” Isto é o que significa, e fica conclusivamente manifestado na resposta de Cristo a Tomé. Tomé disse-lhe: “Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?” Jesus disse-lhe: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao pai senão por mim.” Facilmente verá que o Mestre não está a falar como podem alcançar o céu quando morrerem, mas sim como podem alcançar o Pai através de oração durante as suas vidas. Vemos isto claramente na declaração do versículo treze: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o pai seja glorificado no filho.” Este foi o grande consolo que lhes deixou. Paulo refere-se a isso na sua epístola aos Efésios (2:18), ao falar dos judeus e gentios, diz: “Porque, por ele, ambos temos acesso ao pai em um espírito.” Quando Jesus disse: “sabeis o caminho,” falava do caminho de acesso ao Pai.

“Bem, pode ser que seja assim,” disse a Sra. Bereia, “mas o grandioso fato no início do capítulo mantêm-se inalterado. “Na casa de meu pai há muitas moradas. Pois vou preparar-vos lugar.” Sem dúvida, não negará que o Mestre aqui informou os seus discípulos que ia preparar-lhes um lugar na casa de Seu Pai. Agora, o que mais poderia isso querer dizer para os discípulos a não ser que eles iriam para o céu para ocupar esse lugar preparado para eles?”

“Mas, Sra. Bereia, não há menção de céu na passagem.”

“Não, a palavra “céu” não é mencionada, mas diz “casa de meu pai.”

“Está no céu?”

“Onde mais poderia estar?”

“Na terra. Nunca se mencionou que estivesse no céu; veja Miqueias 4:1-2, onde temos esta profecia, “Nos últimos dias, acontecerá que o monte da casa do SENHOR será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão os povos. irão muitas nações e dirão: vinde, e subamos ao monte do SENHOR e à casa do deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião procederá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém.” Aqui pode ver uma casa de Deus estabelecida na terra no tempo chamado “últimos dias”. Então, a casa de Deus na qual Cristo prometeu preparar um lugar para os seus discípulos não é uma casa de madeira e pedra inanimadas, mas é composta por homens e mulheres. O próprio Cristo sendo a cabeça da casa. Isto é claramente ensinado por Pedro, que eram um daqueles aos quais Cristo falou quando disse, “ Na casa de meu pai há muitas moradas,” etc. Em 1 Pedro 2:3-5, temos as seguintes palavras, “Se é que já tendes a experiência de que o senhor é bondoso. Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a deus por intermédio de Jesus Cristo.” Depois o apóstolo Paulo na sua carta aos Efésios fala desta casa de Deus na qual foi prometido um lugar aos apóstolos. Quão bonita é a sua explicação. Ele mostra a casa de Deus em processo de formação e designa o lugar que os apóstolos ali terão. Escutem: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de deus no espírito.” (Efésios 2:19-22). Você verá a partir disto que o lugar preparado para os apóstolos nesta casa de Deus está nos alicerces, enquanto que todos os outros filhos como pedras vivas são edificados juntos nessa base e por fim chegam a ser morada de Deus no espírito. A obra de construir adequadamente este edifício ou casa de Deus foi dado a Cristo; ainda que seja a casa do Pai é a casa de Cristo também, porque ele foi designado cabeça da casa. É por isso que ele pode preparar um lugar para nós nessa morada. O escritor aos Hebreus refere-se a isto no capítulo 3:4-6 como se segue: “Pois toda casa é estabelecida por alguém, mas aquele que estabeleceu todas as coisas é deus... Cristo, porém, como filho, em sua casa; a qual casa somos nós, se guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança.”

Se formos aprovados por ele no dia da sua vinda, nós, como sua “casa” o ajudaremos na administração das suas leis, pois, como Isaías profetizou, “Nos últimos dias, acontecerá que o monte da casa do SENHOR será estabelecido no cimo dos montes... irão muitas nações e dirão: vinde, e subamos ao monte do SENHOR e à casa do deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do SENHOR, de Jerusalém.” (Isaías 2:2-3). Esta casa constituirá um Templo literal para a adoração em Jerusalém, em adição à casa figurativa de pedras vivas que a Bíblia descreve como a Eclésia de Jesus ou comunidade de crentes. Quando Cristo voltar à terra, como certamente o fará, juntará a sua casa e torná-la-á numa casa real; pois os indivíduos que a comporão serão membros da casa do Rei de reis e Senhor de senhores. Mas devo parar por aqui, ou pensarão que quero açambarcar toda a conversa.”

“Tenho estado muito interessada com as suas observações,” disse a Sra. Bereia, “e devo confessar que retira algo da força dos nossos argumentos sobre as palavras de Cristo em João 14. Mas existem outras passagens que não podem ser descartadas tão facilmente e que provam conclusivamente, a meu ver, que o céu é o galardão dos justos. Por exemplo, existe a declaração de Cristo no sermão do monte, Mateus 5:11, 12, “Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.” Eis aqui, agora, uma declaração direta que conclusivamente estabelece o assunto, “grande é o vosso galardão nos céus.” Não acredita nisto, Sr. Estéfanas?”

“Acredito, Sra. Bereia; Acredito com todo o meu coração, assim como em qualquer outra declaração deste velho livro. Mas acho que está a ler na passagem mais do que ela contém. Você entende que esta passagem ensina que os justo vão para o céu para serem recompensados?” perguntou o Sr. Estéfanas.

“Certamente que sim,” respondeu a Sra. Bereia.

“Mas isso não é declarado na passagem.”

“Não, não com tantas palavras, mas está claramente implícito; se o galardão é no céu claramente que têm que ir lá para usufruir dele.”

“Ah, não; não infere isso. Isso seria uma dedução perfeitamente razoável ser não houvesse outra informação sobre o assunto; mas não somos deixados com dúvidas sobre esse assunto; é nos dito claramente que o galardão é trazido até nós. No último livro da Bíblia, que contém a mensagem de Cristo, no final da mesma, no último capítulo, Apocalipse 22:12, o Mestre diz, “E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras.” Nesta passagem Cristo ensinou que ele trará o galardão na sua vinda para dá-lo aos seus fieis seguidores na terra. Certamente ele não ensinou que eles vão ao céu para recebê-lo. Noutro lugar (Lucas 14:14) ele disse aos seus discípulos, “a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos.” Não no céu, por ocasião da morte! O apóstolo Pedro fala desta recompensa ou herança como estando reservada no céu para nós e que será revelada no tempo do fim e que será trazida quando Jesus Cristo for revelado: leia 1 Pedro 1:3, 4, 5, 13. Quando o apóstolo Paulo estava para morrer não se entregou a rapsódias acerca das moradas no céu, mas certamente lembrará o que ele disse, “já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.” (2 Timóteo 4:8). O apóstolo Pedro dá-nos uma pista sobre o que significa “aquele dia”. Em 1 Pedro 5:4, diz, “Logo que o supremo pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória.”

“Você vê, Sra. Bereia,” disse Paulo Estéfanas, “os apóstolos, Paulo e Pedro, ambos esperavam o aparecimento de Cristo como o tempo em que seriam recompensados. Eles não esperavam ir para o céu. Sempre estiveram à espera que Cristo viesse, e continuamente exortaram os crentes a esperar e vigiar e a estarem preparados para a vinda do Senhor. Você pode ler os registos de todas as mortes registadas na Bíblia e não encontrará qualquer referência sobre alguém que tenha ido para o céu, ou para o seu galardão. Mas temos a declaração feita em João 3:13: “Ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu.” Depois temos a declaração em Atos 2:34 que David não ascendeu aos céus. E você sabe que David era um homem segundo o coração de Deus; claramente então se o céu tivesse sido designado por Deus como o lugar para onde vão os justos para receber o galardão por altura da morte. David certamente teria ido lá, e no entanto eis aqui uma declaração do apóstolo inspirado afirmando que ele não foi para o céu. Não, Sra. Bereia, a Bíblia nunca fala do céu como o galardão dos justos. Consegue pensar numa passagem das escrituras que afirme claramente que o céu é o lugar onde os justo recebem a sua recompensa?”

“Bem, não com essas palavras,” respondeu a Sra. Bereia. “Há, no entanto, algumas declarações que para mim são difíceis de entender de outra forma; por exemplo há a parábola do homem rico e Lázaro; o pedido do ladrão na cruz, a oração de Estêvão ao morrer. Estas passagens sempre me pareceram ser provas conclusivas da doutrina em que acreditamos sobre o galardão dos justos; parecem pelo menos fortemente implicar que os bons vão para o céu para receber o seu galardão. Pode ser, no entanto, que você consiga encontrar uma explicação para elas como parece ter conseguido fazer com todas as outras passagens que citei.”

“Asseguro-lhe, Sra. Bereia,” disse Paulo, “que estas passagens não apoiam a doutrina que você defende, assim como as outras passagens que citou, e são de fácil explicação também. O fato é que, Sra. Bereia, essa doutrina não é de maneira nenhuma Bíblica; encontra-se no Hinário da sua Igreja , e na sua Confissão de Fé, mas não na Bíblia. O ensino da Bíblia é completamente diferente, e é declarado em linguagem simples, tanto que uma criança poderia entendê-lo com facilidade. Suponha que vamos procurar na Bíblia a resposta à questão, “Onde serão os justos recompensados ou galardoados?” Que resposta encontramos? Oiça, “Eis que o justo recebe na terra a retribuição; quanto mais o ímpio e o pecador!” (Provérbios 11:31, ACF). Eis que temos aqui uma declaração clara, simples e direta que não pode ser contradita ou negada; diz-nos que os justos serão recompensados na terra (não no céu). O Senhor fala-nos outra vez e diz (Provérbios 10:30) que, “O justo nunca será abalado, mas os ímpios não habitarão a terra.” Como pode ver, Sra. Bereia, os justos não irão receber o seu galardão na terra para então partir para uma outra esfera da existência; eles não serão levados ao céu depois de receberem o seu galardão no juízo, mas segundo esta afirmação inspirada eles nunca serão removidos da terra.”

“Eu já ouvi essa passagem ser interpretada de uma maneira bem diferente,” disse a Sra. Bereia.

“De veras? Gostaria de ouvir qual é a sua interpretação,” disse o Sr. Estéfanas.

“Bem, eu sempre ouvi explicar que significa que em cada terra e em cada geração Deus removeria os maus e só permitiria que os justos vivessem em paz na terra.”

“Mas certamente, Sra. Bereia, você não pode aceitar tal interpretação. Os fatos estão de tal maneira contra isso que não vejo como alguém pode acreditar nisso. Não é um fato testificado pela história que desde os dias dos nossos primeiros pais, que os impíos têm tido a ascensão na terra e que os justos têm sido poucos, fracos e oprimidos e que o seu consolo tem sempre sido que Deus um dia interferiria nos assuntos dos homens e tiraria a terra das mãos dos ímpios? Mas Ele ainda não o fez como podemos ver ao olharmos para as condições que existem hoje na terra. Certamente, Sra. Bereia, não contenderá que nos dias de hoje os ímpios não habitam na terra, e que só os justo habitam nela?”

“Bem, não, Sr. Estéfanas, eu posso ver que a interpretação que apresentei não se harmoniza com os fatos; na verdade, enquanto você falava veio-me à memória que em alguns casos onde existiram na terra condições bem adversas; por exemplo, no primeiro século depois de Cristo os justos foram destruídos e removidos ao serem atirados aos animais selvagens; queimados em estacas; cortados em bocados, e de muitas outras maneiras torturados e destruídos; aqueles que escaparam às torturas e morte só conseguiram fazê-lo escondendo-se em antros e cavernas e lugares ermos da terra. Nesses dias os justos foram removidos e os ímpios habitaram a terra, e sou livre para admitir que tem sido assim até certo ponto em cada era, e de fato é fácil ver que nunca houve um tempo em que essa declaração de Salomão tenha-se cumprido.

“Fico contente em ouvi-la dizer isso, Sra. Bereia, porque isso a ajudará a aceitar a verdade do assunto quando lhe for apresentada. Recordará, Sra. Bereia, que está registado que os discípulos de Cristo lhe pediram que os ensinasse a orar, e ele ensinou-lhes aquela oração que veio a ser conhecida como “A oração do Pai Nosso,” e entre outras coisas nessa oração que ele os ensinou a orar “Venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu.” Sra. Bereia até que ponto pensa que a vontade de Deus é feita no céu?”

“Completamente e absolutamente, claro,” disse a Sra. Bereia.

“Então, você pensa que esta oração será alguma vez respondida e que a vontade de Deus será feita na terra como é agora feita no céu?” perguntou o Sr. Estéfanas.

“Suponho que assim seja, pois Cristo não ensinaria aos seus discípulos a orar por algo que Deus não pensava conceder,” respondeu a Sra. Bereia.

“Então está pronta a aceitar os fatos de que virá um tempo quando a vontade de Deus será completamente e perfeitamente feita na terra.”

“Sim, parece não haver escapatória para essa conclusão.”

“Então, quando isto acontecer, como certamente acontecerá, qual será o caráter dos habitantes da terra?”

“Bem, suponho que sejam justos, de outra maneira a vontade de Deus não seria feita na perfeição,” respondeu a Sra. Bereia.

“Exatamente, antes que esta petição na Oração do Pai Nosso possa ser cumprida a terra deve estar repleta com uma população completamente justa e os iníquos devem ser erradicados. A vontade de Deus não pode ser feita na terra como é no céu se existir nem que seja um ímpio na terra; por isso esse tempo virá quando não habitarem ímpios na terra, e como Salomão diz acerca desse tempo e da população justa, “O justo nunca será abalado.”

“Devo confessar, Sr. Estéfanas, que o seu argumento é muito forte. Parece impossível escapar a conclusão a que você chegou.”

“Só apresentei uma pequena parte da evidência contida nas escrituras. Escute as palavras do Salmista, “Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a terra.” (Salmo 37:9). Quanto tempo permanecerão na sua herança da terra? Escutem: “O SENHOR conhece os dias dos íntegros; a herança deles permanecerá para sempre.”; e também “os justos herdarão a terra e nela habitarão para sempre” (Salmp47: 29); e ainda, “Espera no SENHOR, segue o seu caminho, e ele te exaltará para possuíres a terra; presenciarás isso quando os ímpios forem exterminados” (Salmo 37:34).”

“A verdade é que, Sra. Bereia,” continuou Paulo, “todo o propósito de Deus como é revelado na Bíblia, é encher a terra com a glória de Deus (Números 14:21, Habacuque 2:14, Isaías 11:9). Agora, no que diz respeito a nós...”

“Desculpe, Sr. Estéfanas,” interrompeu a senhorita Hamilton, “mas estou profundamente interessada na declaração que acabou de fazer. Algum tempo atrás durante a minha leitura, encontrei a passagem que acabou de citar, as palavras exatas são: “Tão certo como eu vivo, e como toda a terra se encherá da glória do SENHOR.” Suponho que devo tê-la lido muitas vezes antes, mas nunca me impressionou tanto como dessa ocasião. Isto aconteceu, talvez, porque nessa ocasião por casualidade estava numa atitude meditativa, e depois de parar para refletir e perguntar a questão: Como? Quando? Pensei sobre isso durante muito tempo, e recordo-me, que uma noite depois de ir para o quarto não conseguia dormir pensando nisso, mas não consegui encontrar uma resposta para a questão. “Como é que a terra se encherá da glória do Senhor?” De manhã perguntei isso ao meu pai, e fui repreendida por ele por me preocupar com questões sem proveito. E desde então tenho tentado esquecer mas a sua observação um momento atrás trouxe tudo de volta à minha mente. Espero que não me considere mal educada por lhe interromper a meio das suas observações. Na verdade não consegui resistir ao impulso que me sobreveio no momento que mencionou o assunto e agora, se a Sra. Bereia não se importa e se você estiver de acordo, gostaria de ouvir a sua teoria sobre o texto em questão.”

A Sra. Bereia anuiu com um aceno, e todos olharam na direção de Paulo Estéfanas e esperaram pela sua resposta.

Não houve qualquer hesitação de sua parte. “Antes de mais quero dizer,” disse ele, “que não tenho qualquer teoria pessoal sobre o assunto.”

Uma expressão de desilusão apareceu no rosto de Doris Hamilton.

“Que pena,” disse ela, “Pensei que poderia explicar-ma.”

“E posso, fico agradecido em dizer-lo, mas não por uma teoria minha,” respondeu Paulo. “E espero sinceramente que ninguém de vocês pense que sou tão tolo em sentar-me aqui e gastar o vosso tempo assim como o meu relatando as minhas próprias teorias e opiniões. As opiniões e teorias humanas em assuntos de religião não têm qualquer valor. Faz tempo que joguei fora as minhas, e qualquer conhecimento que possuo agora do assunto não é originalmente meu, mas é copiado diretamente do livro de explicações de Deus, a Bíblia. Terei muito agrado, senhorita Hamilton, dirigir a sua atenção para a própria resposta de Deus para a questão: “Como se encherá a terra com a glória do Senhor?”

“A resposta é muito simples quando você permite que as escrituras falem por si mesmas. O Salmista, ou melhor, Deus através do Salmista, dá-nos a chave para a resposta. Ele diz, “O que me oferece sacrifício de ações de graças, esse me glorificará; e ao que prepara o seu caminho, dar-lhe-ei que veja a salvação de deus” (Salmo 50:23). Segundo esta passagem, a glória a Deus é gerada pela oferta de ações de graças aceitáveis a Ele. Já notamos que Cristo ensinou os seus discípulos a orarem, “Venha o teu reino, faça-se a tua vontade assim na terra como no céu.” Quando esta oração for atendida, teremos na terra uma população justa que ao oferecer continuamente adoração a Deus, a terra se encherá com a Sua glória. Temos uma previsão profética do espírito sobre esse grandioso dia no Salmo 96. Eis aqui algumas expressões no Salmo, “Cantai ao SENHOR um cântico novo, cantai ao SENHOR, todas as terras. Cantai ao SENHOR, bendizei o seu nome; proclamai a sua salvação, dia após dia. Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas maravilhas... Tributai ao SENHOR, ó famílias dos povos, tributai ao SENHOR glória e força. Tributai ao SENHOR a glória devida ao seu nome; trazei oferendas e entrai nos seus átrios.” Quando chegar esse grandioso dia, o cântico profético que os anjos entoaram no nascimento de Cristo se cumprirá. “Glória a deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem.”

“Então você pensa que será uma glória mais mental que física,” disse a senhorita Hamilton.

“Será tanto mental como física,” respondeu Paulo, “não há somente a glória que vem da adoração e ação de graças mas também o esplendor da glória que irradiará de uma multidão de seres glorificados.”

“O que quer dizer com “seres glorificados,” Sr. Estéfanas?” perguntou a senhorita Hamilton.

“Quero dizer seres, homens e mulheres que foram feitos imortais, iguais aos anjos de maneira que já não possam morrer mais (Lucas 20:26). Que se tornaram participes da natureza divina (2 Pedro 1:4) e que terão sido elevados a honra esplêndida nessa era gloriosa. (Salmo 149). Lembra-se, sem dúvida, que quando Paulo foi a Damasco para perseguir os santos, Cristo apareceu-lhe no caminho e luz que o envolvia era tão grande que Paulo caiu ao chão e ficou cego por vários dias; a glória dessa luz foi demasiado forte para os olhos mortais de Paulo, e o apóstolo João diz-nos que nesse grandioso dia que virá vermos o Senhor como ele é; porque seremos como ele (1 João 3:2) ou seja, seremos imortais, com natureza divina, iguais como ele o é agora, e por tanto poderemos observar a sua glória. Paulo diz-nos claramente que Cristo virá e “o transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória...” (Filipenses 3:21). E também recordará, sem dúvida, quando Moisés subiu ao monte para falar com Deus, e quando voltou aos israelitas, a sua face brilhava com tal esplendor de glória que o povo não podia olhar para ele até que colocou um véu sobre a face para suavizar essa glória. Isto era uma mera reflexão da Glória Divina, e no entanto era mais do que os mortais podiam aguentar. Pedro diz-nos que seremos participes da Natureza Divina (2 Pedro 1:4). Nesse tempo não será meramente um reflexo da Glória de Deus que teremos, mas estará em nós como parte da nossa natureza; estaremos repletos dela. Pense, então, da glória que encherá a terra quando esta se encher de uma população que estará cheia da glória de Deus, porque serão participes da Sua natureza. Suponho que o apóstolo Paulo teria isto em mente quando disse, “porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Romanos 8:18). O Salmista também se refere a isto quando diz, “porque o SENHOR se agrada do seu povo e de salvação adorna os humildes. Exultem de glória os santos...” (Salmo 149:4-5). Eu considero, no entanto, esta glória exterior, como a menos importante.”

“Porque a considera a menos importante?” perguntou a senhorita Hamilton.

“Porque,” respondeu Paulo, “não é mais do que a manifestação exterior do agrado de Deus por nós, devido aquela outra glória, a qual possuímos e a qual é, na realidade, a realização mais importante de Deus com a raça humana, nomeadamente, um caráter como o de Deus. Deus pode a qualquer momento enviar uma grande explosão de luz resplandecente que seria mais do que a humanidade poderia suportar. Podia fazer isso num momento, mas tomou séculos para produzir os carateres refinados, lindos e piedosos que serão os possuidores permanentes da terra e filhos adotivos de Deus. Eles são como pedras preciosas, foram escavadas da dura mina que a carne pecaminosa. Você talvez lembre que a arca da aliança estava coberta por dentro e por fora por ouro puro. Isto ensina-nos a ordem pela qual Deus trabalha connosco; primeiro temos que ser feitos gloriosos por dentro, como a filha do rei no Salmo 45, e depois seremos feitos gloriosos por fora por Deus nesse glorioso dia que dentro em breve chegará. A glória que encherá a terra então é o povo glorioso que fará com que os seus montes e colinas ressoem com a aclamação da Sua adoração, dizendo, “tu és digno, senhor e deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Apocalipse 4:11). Mas agora devo ir, vejo que já fiquei mais tempo do que esperava ficar,” disse Paulo, levantando-se para ir embora.

“Temos estado tão profundamente interessados que não demos conta da hora,” disse a senhorita Hamilton, “E quero agradecer-lhe por me explicar essa passagem, que me mantinha tão perplexa.”

“Espero sinceramente, senhorita Hamilton, que veja claramente o caminho para aceitar esta explicação Bíblica de como a terra se encherá da glória de Deus,” disse Paulo. “Veja,” continuou ele, “se estivesse correta a ideia moderna de que os justos por altura da morte vão para o céu e a terra será destruída, então estas coisas tão elaboradas nas escrituras não podem ser verdadeiras, e Deus se seria autor de confusão. Eu acho, no entanto, que nenhum de vocês tomaria o partido de que a Bíblia é falsa; daí, têm que aceitar a sua proclamação clara de que “os mansos herdarão a terra... a herança deles permanecerá para sempre”(Salmo 37:11,18). Bem, boa noite, Sra. Bereia.”

“Boa noite, Sr. Estéfanas, e venha mais vezes.”

Timóteo acompanhou Paulo à porta, e quando lhe deu a mão, em despedida, disse-lhe, “Sr. Estéfamas, gostaria de ter o seu conhecimento das Escrituras. Foi muito edificante escutá-lo esta noite.”

“Bem, tenho a certeza que as Escrituras não são minha possessão pessoal, Sr. Bereia,” respondeu Paulo. “Você pode, ser quiser, obter um conhecimento satisfatório da Palavra Divina.”

“Não sei,” disse Timóteo. “Eu tenho lido a minha Bíblia a vida inteira e no entanto não parece que saiba muito sobre o que realmente contém.”

“Isso é porque tem estudado a Bíblia sem a chave,” disse Paulo.

“Não estava ciente de existir uma chave,” respondeu Timóteo.

“Há uma chave,” disse Paulo, “e sem ela, as Escrituras mantêm-se fechadas para o investigador. Em alguma ocasião quando tenhamos oportunidade, mostrar-lhe-ei o que considero ser a chave para abrir as Escrituras. Não posso mantê-lo mais tempo aqui. Boa noite, Sr. Bereia. Espero vê-lo dentro em breve.”

Quando Timóteo voltou à sala, encontrou Doris Hamilton preparada para ir para casa. “Já preparada para ir para casa? Qual é a pressa, Doris?” perguntou Timóteo.

“Mas Timóteo, basta olhares ao relógio, já passa das onze,” respondeu Doris.

“É verdade,” disse Timóteo olhando para o relógio, “vou preparar a carroça; estarei pronto em cinco minutos.”

“Não precisa, Timóteo; hoje vamos a pé, está uma noite linda com luar, ideal para uma caminhada,” disse Doris.

“Por mim tudo bem,” disse Timóteo. “Gosto de caminhar ao luar; especialmente quanto tenho boa companhia; e para além disso a pé levamos mais tempo e assim podemos conversar mais.”

Os jovens logo estavam no caminho rural, dirigindo-se para a casa de Doris. O caminho para a residência dos Hamilton levou-os pelo lado de uma encosta onde a aldeia estava aninhada. O caminho tinha uma vista privilegiada do vale no qual cada árvore, campo e telhado estavam cobertos pelo límpido e suave luar prateado, e pelo qual as colinas no outro lado do vale se viam delineadas. Era uma daquelas noites que nos fazem arrepender de passar o resto da noite dentro das paredes do nosso quarto quando a natureza nos chama a desfrutar da sua calmante e insidiosa influência. Cerca de meio quilómetro da casa de Timóteo, o caminho descia para um nível mais baixo, e era cortado por um riacho, sobre o qual uma ponte tinha sido construída.

A paisagem era fascinante. Quem estiver encima da ponte e seguir a direção do riacho com a o olhar, poderá ver ao fundo no seu curso o luar a refletir na água, com aqui e ali a sombra de uma árvore atravessando o curso de água.

É uma cena de tranquilidade e paz. O silêncio só é quebrado pelo riso borbulhante do riacho; ao contemplar a cena, fica-se impressionado como nunca antes pela força da declaração profética sobre Jerusalém, “eis que estenderei sobre ela a paz como um rio” (Isaías 66:12).

A ponte era um lugar favorito para Timóteo e Doris; muitas horas prazerosas eram passadas lá, mas esta noite estavam estranhamente absorvidos por outros assuntos. Doris tinha recebido uma resposta para a questão, que durante algum tempo a perturbara. Ela não podia negar a verdade Bíblica da resposta, e no entanto a sua equanimidade estava profundamente perturbada pelo fato de ao aceitá-la envolveria o sacrifício da sua crença mais acarinhada. Ela tinha pedido de propósito a Timóteo que caminhassem até sua casa para discutirem o assunto pelo caminho.

Timóteo abriu a conversação, “Bem, Doris, tiveste uma oportunidade de ouvir o Sr. Estéfanas esta noite,” disse ele. “O que achaste dos seus argumentos?”

“Para ser sincera, Timóteo, fiquei muito impressionada com o que ele disse; procurei em vão na memória por uma resposta para o seu raciocínio. Ele parecia não deixar terreno onde me firmar. Achas possível que estes estimados dogmas da nossa fé, que são a herança deixada por gerações passadas e elos quais os nossos antepassados derramaram o seu sangue – achas, Timóteo, que possam ser falsos?”

“Não gosto da ideia, Doris,” respondeu Timóteo, “mas como tu, não consegui encontrar terreno firme onde me firmar, e no que diz respeito aos nossos antepassados, tu sabes, Doris, se seguirmos a nossa ascendência até ao passado remoto, encontrá-los-emos submersos em ignorância e superstição. Também fiquei profundamente impressionado com o pensamento que acabas de expressar, e tenho tentado encontrar uma resposta para isso. Vejo que os cristãos com os quais falou o apóstolo Pedro tiveram uma experiência similar; Pois ele relembra-os que foram redimidos da vã maneira de viver recebida pela tradição de seus pais (1 Pedro 1:18). Por isso é evidente que eles tiveram que colocar de lado as tradições dos seus pais quando aceitaram o evangelho pregado por Pedro.”

“Isso não é o único ponto,” respondeu Doris, “olha para as pessoas inteligentes que estudam e pregam a nossa fé que amam e reverenciam a Bíblia; se o que este homem nos disse esta noite é verdade a inteligência não lhes aproveitou de nada e estão enganados e iludidos; pensas que isso é possível?”

“O que aconteceu no passado pode muito facilmente acontecer novamente,” respondeu Timóteo.” Na verdade, vemos que a história se repete. Vê o apóstolo Paulo antes da sua conversão a Cristo; instruído aos pés de Gamaliel, educado de uma maneira insuperável nos seus dias, completamente versado nas Escrituras, e no entanto totalmente enganado e iludido sobre o seu verdadeiro ensino, cheio de zelo em sua falsa crença e perseguindo aqueles que realmente conheciam “a Verdade,” e que eram na maioria pobres, iliterados e desprezados. Lembrar-te-ás como ele veio a reconhecer que a sua instrução e inteligência não tinham lhe aproveitado de nada, no que diz respeito a encontrar “a Verdade; e depois da sua conversão ele comentou em certa ocasião, “pois está escrito: destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos,” e também, “o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria” (1 Coríntios 1:19, 21). Ao falar aos seus próprios compatriotas, noutra ocasião disse: “porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por deus, porém não com entendimento” (Romanos 10:2). Assim, podes ver, Doris, que não é uma questão de inteligência ou sabedoria mundana nem sequer zelo, mas uma questão de ter o entendimento correto do que as Escrituras ensinam.”

“Vejam só! Timóteo, quase pensaria que és um discípulo do Sr. Estéfanas,” disse Doris.

“Não há perigo disso Doris,” disse Timóteo. “O Sr. Estéfanas não quer discípulos que o sigam, ficaria muito indignado perante tal sugestão. Não me surpreenderia, no entanto, se ele tivesse êxito em mudar materialmente as minhas ideias no que se refere ao que as Escrituras ensinam sobre a salvação.”

“Achas possível que alguma vez possas vir a deixar a igreja?” perguntou Doris num tom sério.

“Acho que sim, Doris, se estiver completamente convencido que está errada,” respondeu Timóteo.

“Temo, Timóteo, que o Sr. Estéfanas tinha tido uma má influência sobre ti; tenho a certeza que os argumentos dele podem ser respondidos à altura: vou falar com o meu pai e pedir-lhe que se encontre com este homem que anda perturbando a nossa equanimidade religiosa e ver se o silencia de uma vez por todas.” Doris falou com muita veemência, e podia-se ler claramente a determinação na sua cara. Por essa altura já tinham chegado à casa de Doris e despediram-se com um “Boa noite.”

Doris foi para o quarto com a mente perturbada; parecia ter a premonição do mal que se aproxima. Os eventos da noite tinham-na agradado primeiro mas depois alarmaram-na, e agora, não importa o quanto tentasse, não conseguira tirar o assunto da cabeça, e só muito mais tarde conseguiu dormir pondo fim às suas perturbadas cogitações.

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23 January 2012 - 12:33 PM

CAPÍTULO CINCO

A Igreja de Vila Monótona


O sino da igreja havia tocado a sua badalada final chamando os habitantes de Vila Monótona quando Paulo Estéfanas entrou na pequena igreja e encontrou um lugar perto da porta.

O Sr. Hamilton era de certa forma um evangelista no sentido convencional do termo. Era um orador emocional e trabalhava os sentimentos da audiência, contando histórias tocantes e patéticas que muitas vezes traziam lágrimas aos olhos dos que o ouviam.

Quando as cerimónias de abertura terminaram, o pastor levantou-se e anunciou o seu tema: “A recompensa dos Justos,” e declarou que tinha-lhe sido especialmente pedido que nessa manhã mostrasse que essa parte da fé ortodoxa está fundada na verdade das Escrituras.

“Considero,” disse ele, “que isto é uma grande honra, e agora procederei dando-lhes um pouco da grade massa de evidências que podem ser apresentadas. Primeiramente, vem à minha mente aquele tempo em que o Senhor estava para deixar esta terra e ascender ao céu; certamente lembrar-se-ão como ele confortou os seus discípulos nessa ocasião. Disse-lhes, “Não se turbe o vosso coração; credes em deus, crede também em mim. Na casa de meu pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. pois vou preparar-vos lugar… para que, onde eu estou, estejais vós também” (João 14:1-3).

“Isto,” disse o pastor, “é suficiente para esclarecer a questão de uma vez por todas. Isto prova conclusivamente,” disse ele, “que os justos vão para a casa do Pai no céu para estarem com ele. Não seria necessário citar nenhumas outras passagens para provar isto, porque uma declaração do Senhor vale uma dúzia, porque Ele nunca se contradiz a si mesmo. No entanto, para mostrar o quão forte é a nossa posição, eu peço que vejamos novamente as palavras do Mestre. Ele está a falar a uma multidão e entre outras coisas diz, “bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós” (Mateus 5:11,12).

“Isto mostra para além de qualquer sombra de dúvida,” disse o pastor, “que o céu é o galardão dos justos. Não vale a pena gastar mais do vosso tempo citando outras passagens do que estas declarações do próprio Mestre.”

Contudo, ele disse que teria todo o gosto em fornecer à congregação uma lista de outras passagens que preparara e que incluíam as palavras do ladrão na cruz, a parábola do homem rico e Lázaro e outras provas.

O Sr. Hamilton então prosseguiu retratando a glória do céu e os felizes reencontros que acontecerão lá, e finalmente terminou o culto cantando o hino “Isso será glória para mim.”

Quando a celebração terminou, Paulo Estéfanas levantou-se do seu lugar com um sentimento misto de tristeza e vexação. Ele dirigiu-se à porta, mas andou só uns poucos passos quando foi abordado pela Sra. Bereia, que depois de lhe dar a mão, perguntou-lhe se havia gostado do sermão.

“Bem,” disse Paulo, “já que me pergunta. Devo dizer que foi uma mostra deplorável de torção das escrituras.”

“Porquê, Sr. Estéfanas, como pode dizer tal coisa?” Eu achei o sermão esplêndido e absolutamente conclusivo.”

“Mas, Sra. Bereia, não notou nada de errado com a citação de João 14?”

“Claro que não! Todos a conhecemos de cor, “Na casa de meu pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. pois vou preparar-vos lugar. Para que, onde eu estou, estejais vós também.” Ele foi para o céu para preparar-nos um lugar para que possamos estar onde ele está.”

“Sra. Bereia, você assombra-me. Tenha a bondade de ler a passagem a partir da Bíblia. Aqui está.” Passando-lhe a Bíblia aberta no capítulo catorze de João.

A Sra. Bereia confidentemente tomou o livro e leu:

“Na casa de meu pai há muitas moradas. se assim não fora, eu vo-lo teria dito. pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.”

“Que estranho! Nunca tinha notado as palavras, “voltarei,” antes,” disse a Sra. Bereia.

“Evidentemente o seu pastor também não notou. Mas agora gostaria colocar-lhe uma ou duas questões. Primeira – Quando Jesus voltar, onde estará?”

“Na terra claro.”

“Agora olhe o texto novamente, e diga-me porque virá de novo.”

A Sra. Bereia olhou para o livro novamente e leu a resposta. “para que, onde eu estou, estejais vós também.”

“Então o que esta passagem realmente ensina é que Cristo irá embora por algum tempo mas voltará de novo à terra para que os seus discípulos estejam com ele na terra.”

A Sra. Bereia ficou perturbada e confusa. Paulo, não desejando humilhá-la na presença daqueles que se tinham aproximado durante a conversa, terminou a discussão e sugeriu que ela estudasse o assunto um pouco mais a fundo e relembrou-a do encontro na sua casa, marcado para quarta-feira à noite, onde poderiam falar sobre isso com calma.

Depois de apertar a mão a Timóteo e a alguns outros que se tinham ajuntado à volta desejou-lhes um bom dia e foi para casa.

A Sra. Bereia esperou até que todos saíssem da igreja e então teve uma conversa longa e atenta com o Sr. Hamilton depois da qual foi para casa totalmente tranquilizada e confiante, e com uma forte determinação em defender a sua fé contra a intrusão desta, como lhe chamava, “nova ideia”.

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23 January 2012 - 12:32 PM

CAPÍTULO QUATRO

Domingo na Casa de Estéfanas


O domingo amanheceu com uma brilhante e bonita manhã primaveril. Paulo Estéfanas, era geralmente um madrugador, acordou com os raios de sol que passavam através das gretas das persianas antigas que protegiam as janelas da sua modesta casa rural. O esforço mental exigido pela palestra depois de um dia de trabalho tinha-o fatigado mais do que o normal mesmo se trabalhasse horas extra no estabelecimento. Levantou-se logo, e depois de agradecer ao Pai pela noite de descanso pediu que o orientasse e abençoasse durante o dia, vestiu-se e desceu as escadas, onde encontrou a Sra. Estéfanas na cozinha a preparar a refeição da manhã. Depois de cumprimentar a sua mulher foi para a sala de jantar e foi recebido por um coro de “bons dias” dos filhos, que já estavam levantados e vestidos, estudando as lições da Escola Dominical enquanto esperavam pelo pequeno-almoço.

Pegando na Bíblia instalou-se na sua cómoda cadeira para ler a suas “leituras diárias”, mas foi interrompido quando bateram à porta, e apressou-se para ir ir ver quem era.

Ao abrir a porta surpreendeu-se ao ver Timóteo Bereia. O jovem foi convidado a entrar, mas declinou com um obrigado, explicando que ele viera sem avisar a família, e desejava regressar antes que dessem por sua falta.

“Vim para convidá-lo, Sr. Estéfanas, para o nosso serviço religioso da manhã. O Sr. Hamilton, o nosso pastor, vai falar sobre o tema “O Galardão dos Justos”, e gostaria que o senhor ouvisse o que pode ser dito a favor da nossa fé ortodoxa. Você vai, não vai?

“Bem, não tenho a certeza: veja, fui membro dessa igreja e conheço muito bem os seus ensinos, e faz muito tempo que deixei de ir à igreja porque descobri que os seus ensinos não estão em harmonia com as escrituras.”

“Você não acha, Senhor Estéfanas, que segundo o assunto em mãos isso é um ponto de vista um pouco estreito? Se adotássemos a mesma atitude para com as suas palestras então ninguém assistiria.”

“Porque não? Sr. Bereia, se adotassem a minha atitude para com a igreja todos assistiriam aos meus discursos. Veja, eu assistia regularmente nessa igreja até que me convenci que ela não ensinava a Verdade. Agora, se as pessoas de Vila Monótona adotarem a mesma atitude para com as minhas palestras eles continuarão a ir até que se convençam de que não estamos a ensinar a verdade como se encontra na palavra infalível de Deus. Só pedimos que nos oiçam e depois que seja aplicado o teste de Deus. “À lei e ao testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva.” (Isaías 8:20, RC). Não é isto sensato?
“Bem, sim, quando visto desse ponto de vista parece sensato; mas estou desapontado em pensar que não virá ouvir o Sr. Hamilton. Veja, eu à pouco estive lá para vê-lo, e falei-lhe da conversa que tivemos ontem à noite, e ele disse-me que apresentaria provas conclusivas da fundação Bíblica para a nossa fé, e claro ele pode fazer isso muito melhor do que um leigo como eu.

“Bem, isso já é diferente. Se as observações do Sr. Hamilton estão-me destinadas para o meu especial benefício, e se você me permitir dar resposta numa conversa em privado depois, assim por cortesia comum e também pelo desejo do avance da verdade exigem-me concordar com o combinado. Quando começa a reunião?”

“Às 10:30”

“Bem, parece que posso fazê-lo. A nossa reunião já terá terminado por essa altura.”

“Vossa reunião”? Vocês têm uma reunião?

“Oh, sim. Tentamos seguir o melhor possível os mandamentos e exemplo de Cristo e dos Apóstolos. Vemos que os Apóstolos e os primeiros crentes se reuniam no primeiro dia da semana para partir pão em memória de Cristo, e embora aqui sejamos só eu e a minha esposa, no entanto sentimos a incumbência de guardar os mandamentos e seguir o exemplo dos Apóstolos e por isso temos o nosso “partir do pão” às 9 horas em ponto de cada domingo; e depois reunimo-nos à volta da mesa e temos uma lição da Escola Dominical para as crianças.”

“Bem, agora devo voltar para casa.” Disse Timóteo, “senão perguntar-se-ão o que há sido de mim. Vê-lo-ei na igreja.

“Está bem, Sr. Bereia; Se Deus quiser, estarei lá.”

Então Timóteo rapidamente atravessou o prado em direção a sua casa, onde a sua mãe já ansiosa andava à sua procura. Não ficou nada satisfeita quando soube que ele tinha estado na casa de Paulo Estéfanas.